Leonardo França, a história de um campeão

Não se engane em acreditar que as coisas acontecem por acaso. Por trás de todo campeão tem uma grande história, mesmo que aos 11 anos. E a que vou contar agora é a do leão Leonardo França.

É para ser contada e recontada, pois foram experiências tão ricas que eu não vou conseguir dizer tudo. Bom, então para facilitar, vou partir do começo e escrever o que for mais importante.

Aulas com irmãos de diferentes perfis

Quando o Leonardo começou a treinar com o seu irmão e parceiro Felipe, há um ano e meio, o seu pai havia me dito que os dois tinham perfis bem diferentes, que cada um era de um jeito. No começo eu não conseguia entender bem do que se tratava, afinal estava muito recente.

Mas com um pouco de tempo, minha percepção a respeito deles foi amadurecendo e acabei tendo uma curiosa leitura pessoal: o Leonardo para mim era competitivo, atento, “sério” nos treinos, com muita garra e vontade e o Felipe mais sereno, despretensioso, calmo e divertido.

Características bem opostas: um mais “zen”, o outro mais afoito. Dois perfis diferentes e de ótimas qualidades.

E essa característica mais marcante do Leonardo, a competitividade, fazia dele para mim uma promessa. Alguém que poderia se destacar.

tênis de mesa belo horizonte mário leão
Leonardo França – Campeonato Mineiro 2018

Mas…

Olhe que interessante.

O Felipe se apresenta como um jogador muito produtivo. Por não assumir muita responsabilidade em relação aos resultados finais dos jogos, ele se mantém bastante tranquilo na mesa, desferindo seus golpes com muita coragem, sem grandes receios quanto aos erros e por isso mesmo ele tem um constante índice de acertos, um bom volume de jogo. Falando nisso, vale muito à pena ler a publicação Você pode não conhecer o Lipe, mas precisa saber com ele como se joga tênis de mesa.

Já o Leonardo, sua cobrança sempre foi maior. Para ele nunca bastou somente jogar. Ele sentia as derrotas em jogos, não se conformava, sentia os erros nos treinos, se desapontava bastante. Isso é muito bom porque a insatisfação gera motivação, mas no caso dele, fez também com que carregasse muitas frustrações. Chegou a ter uma certa raiva mesmo por não atingir bons resultados. Por sua expectativa estar em desacordo (queria jogar melhor do que já jogava, mas não conseguia) acabava sendo menos produtivo nos jogos.

Percebam que os dois tem um grande potencial. São dois perfis que, somados, resultam num jogador bem mais completo: equilíbrio e competitividade.

O desafio de lidar com os erros e as derrotas

Voltando ao Leonardo, à medida em que ele ficava melhor nos treinos, mais sua expectativa aumentava em relação a melhores resultados nos jogos e mais ansioso em relação a esses resultados ele ficava, atrapalhando ainda mais a sua maneira de lidar com os erros e com as derrotas. Ele estava, sem saber, se prejudicando.

Toda essa situação aconteceu em um curto espaço de tempo. Foi recente, há alguns meses. No início, nada com que me preocupar. Ele estava apenas lidando com suas dificuldades normais que todo mundo enfrenta. Mas há dois meses, uma derrota em um jogo despertou um alerta. Ele definitivamente não estava conseguindo lidar saudavelmente consigo enquanto jogava.

Lembra dos mesa-tenistas ouro, prata e bronze? Deixarei aqui o link do artigo, caso você ainda não tenha lido: As três classes de mesa-tenistasO Léo, sem saber, estava dando o primeiro passo para entrar na classe do mesa-tenista prata. E não tinha como ele saber mesmo, pois estava apenas vivendo suas novas experiências.

O ponto chave era que ele precisava melhorar a parte comportamental para ficar mais completo, precisava melhorar a sua forma de encarar os erros e as adversidades e sua forma de entender o esporte.

A intervenção e o início de uma nova perspectiva de crescimento

A vantagem foi que percebemos essa necessidade rápido. Assim que eu soube do ocorrido naquele jogo, disse para o pai dele que precisava de uma aula especial para ele sozinho, sem o irmão.

E com o consentimento do pai, marcamos a aula. Foram trinta minutos de conversa sobre o processo de melhoria, sobre o que o esporte significa e sobre como lidar bem com ele afeta diretamente no seu melhor desempenho esportivo e na vida dele como um todo para situações semelhantes.

Alguns destaques da conversa na aula:

  • a vitória no jogo ou em um torneio é a consequência de várias outras importantes vitórias, como a melhoria técnica e o controle emocional;
  • o esporte é uma relação pessoal e não uma relação sua com o seu adversário;
  • o esporte tem que servir para você ser uma pessoa melhor e mais feliz;
  • uma boa forma de lidar com adversidades é se mantendo no presente, acreditando e pensando em cada ponto, independente de placar desfavorável;
  • mantenha-se sempre motivado;
  • errar faz parte, corrija e siga em frente;
  • saber lidar bem com situações difíceis no tênis de mesa o ajudará a lidar com outras prováveis situações futuras fora dele.

No final eu disse ao Leo: “eu gosto muito de você, você vai melhorar, eu vou te ajudar, pode contar comigo, vamos combinar de resolvermos isso juntos?” Ele disse sim. E eu disse ainda: “e outra coisa, nós ainda vamos contar a sua história no site, blza?”. “Blza.”.

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Leonardo França – Campeonato Mineiro 2018

E o Leonardo começou a escrever a sua história. Ele pegou firme nas aulas para melhorar pontos-chave na sua técnica, ele se esforçou bastante para melhorar o seu comportamento nas mesas e com isso se tornou mais completo. Ele abraçou a causa. Ele é o principal responsável por sua melhoria, porque por mais que eu o instruísse, só a força de vontade dele em fazer diferente falaria mais alto.

Uma grande partida e o título de Campeão Mineiro

Dois meses depois, o final feliz dessa história foi que o Léo se tornou campeão mineiro na categoria Super Pré Mirim, em um jogo altamente profissional, um oponente difícil, com as mais variadas adversidades que você pode imaginar. Ele motivado, acreditando a todo instante na vitória, tendo que virar um jogo desfavorável de dois sets a um, tendo coragem para se impor em um último e decisivo set dificílimo decidido nos detalhes, tendo que superar seus erros em momentos cruciais.

A data é 15/12/2018, uma conquista pessoal que eu tenho certeza que já transformou profundamente esse incrível e admirável garoto de apenas 11 anos. Parabéns mais uma vez, fera, o melhor de Minas Gerais!!

E agora o Léo é definitivamente um mesa-tenista ouro, em todos os sentidos!

Também queríamos dar os parabéns ao Henry Sato, que foi muito forte em todos os momentos do jogo e que também fez uma ótima partida, sendo vice-campeão!

E parabéns ao Lipe que esteve sempre confiante, buscando placares praticamente perdidos, ficando em terceiro lugar!

Gostou desta publicação? Deixe o seu comentário no campo de comentários abaixo que teremos o prazer em lhe responder.

Seguem outras fotografias de minha autoria que ajudam a contar esse momento marcante do Leonardo.

Abraços, Mário Leão!!

 

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Henry Sato, Leonardo França e Felipe França
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Leonardo França – Campeão Mineiro 2018
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Leonardo recebe o troféu de campeão das mãos do Renato Belisário, Presidente da Federação Mineira de Tênis de Mesa
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Felipe França e Leonardo França – irmãos e parceiros de treino. Ajuda e cooperação mútuas nas aulas deixam eles mais unidos e melhores no tênis de mesa
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Leonardo exibe com alegria os prêmios de primeiro colocado
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Felipe vibra com sua primeira e importante medalha em um campeonato mineiro
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A família comemorando – parabéns aos pais pela dedicação e incentivo
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Muita representatividade, uma história de superação e engrandecimento do Léo

 

O rei das mesas do Intermed

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Lucas Rodrigues da Costa

Gostamos de pessoas que ao longo de sua caminhada na vida se transformam, mesmo já tendo vivido e aprendido bastante. Pessoas que se tornam referência para outras e que inspiram por um simples motivo: buscam se aperfeiçoar, ser grandes. E um exemplo de pessoa que acompanha esse movimento com a gente é o leão Lucas Rodrigues da Costa, chamado por nós nesse artigo de o rei das mesas do Intermed.

Lucas é universitário, cursa Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e além dos desafios do próprio curso, representa a Faculdade nas concorridas competições universitárias ao longo do ano. Uma delas é o Intermed.

“O Intermed Minas é nossa principal competição no ano, sendo a principal motivação para manter o foco e o ritmo dos treinos. Poder representar nossa faculdade e fazer parte de uma equipe que ainda está em formação, mas crescendo, é algo realmente muito bom.”, disse Lucas.

Conhecendo o Lucas, atuando em seu tênis de mesa e comemorando o seu grande resultado no Intermed

Quando o vi treinando pela primeira vez em 2016, percebi que já jogava muito bem. Mesmo assim, mantinha uma inquietude, uma determinação para continuar melhorando.

Com isso nos passava uma mensagem, sem dizer, de que para ele não bastava ir lá e vencer. Era preciso chegar nas competições melhor do que se encontrava naquele momento.

E essa foi uma excelente oportunidade de melhorar o que já era bom, um grande desafio.

Num primeiro momento, o que levamos foram aulas para que tivesse mais ritmo e volume de jogo, mais acertos. 

Etapa vencida, subimos alguns degraus.

Poderíamos nos dar por satisfeitos, pois muito provavelmente já seria suficiente para as competições que ele disputaria. Porém, tanto meu ímpeto de elevar sempre as pessoas a novos patamares, como o dele de querer melhorar, não nos fez parar.

Foi aí que entrei com um enriquecimento de raciocínio novo que mudaria muito o nível do seu jogo taticamente: o uso de bolas criativas (variação) e ataques e contra-ataques em momentos estratégicos. Isso deixou o Lucas mais versátil, pois seu jogo era predominantemente defensivo (estilo kato).

Quando se agrega a um jogo assim, os maiores ganhos para a pessoa são a evolução no raciocínio, ou seja, a variação que se cria na forma de pensar e o aumento na velocidade de reação do corpo. Isso tira da zona de conforto, do padrão, e abre-se uma porta imensa para mais e mais crescimento.

E conversando com Lucas sobre a final do Intermed, ele disse que seus golpes usuais de defesa não estavam entrando na mesa como queria. Precisou usar os ataques treinados para fazer render mais o jogo.

“Durante o ano o aprimoramento da técnica é muito importante. Mas quando vai chegando a competição, o ritmo de jogo faz muita diferença, além da estratégia para cada jogo e para cada ponto.”.

Obviamente que nunca é garantido qualquer bom resultado. Foi preciso doação, respeito aos adversários, entrega e seriedade. 

Lembro-me de uma conversa rápida que tive com o Lucas: “Você está bem preparado, mas precisa entrar com firmeza, claro, reconhecendo e respeitando o adversário.”.

Agora o Lucas é tri-campeão do Intermed pelo Conclave Médico Desportivo e Faculdade de Medicina. Fantástico!

Parabéns ao Lucas, ao Conclave Médico Desportivo e a todos os envolvidos! 

“É muito bom ser campeão, né? É o momento que não sou só eu, mas também os colegas e o Conclave. Vemos que vale à pena o investimento no que está sendo feito nos últimos anos. Bom lembrar que o nível das competições está aumentando muito a cada ano, então não podemos entrar na zona de conforto, sempre precisamos continuar treinando.”, disse Lucas ao ser perguntado sobre como se sentia com o resultado.

Inspiração na sua caminhada

E o principal exemplo do Lucas que queria deixar é como que o tênis de mesa bem praticado engrandece uma pessoa.

Portanto, baseando-se nas informações dessa publicação, seguem algumas qualidades que fazem diferença na vida do Lucas e que estão presentes no tênis de mesa dele:

  • energia para superar os seus próprios desafios, os seus limites, ao não se ver acomodado com o que já sabe e ressaltando que sempre é preciso continuar treinando;
  • foco no que está fazendo; objetividade para com suas metas durante os treinos e durante as competições;
  • aprimoramento do raciocínio e da velocidade de reação do corpo, ao lidar com novas informações nas aulas;
  • humildade e realismo, ao reconhecer o crescimento do nível das competições;
  • noção de coletividade, de equipe, ao dizer que a conquista não é um momento só dele, mas também dos colegas e do Conclave;
  • reconhecimento de que vale à pena o esforço para ser melhor, ao dizer que “vale à pena o investimento no que está sendo feito nos últimos anos”;
  • valoriza a preparação; valoriza a importância que treinos (o mesmo que estudo, aprendizado) têm para se sair melhor;
  • alegria, satisfação, prazer ao fazer algo bem feito.

Espero que, assim como eu, você se inspire na história vencedora do rei das mesas do Intermed

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