Você já ouviu falar em tempo um, tempo dois e tempo três no tênis de mesa? Hoje a Dica do Leão tem o objetivo de jogar por terra essa teoria. Acompanhe comigo que vou trazer uma solução infinitamente mais prática!
Em 2015, o Anderson Sampaio, um aluno do nosso curso intensivo na época, teve a seguinte conversa comigo:
“Mário, o que você acha do tempo 1, tempo 2 e tempo 3?”.
“Como assim? O que você quer dizer?”.
Eu nunca tinha ouvido falar daquilo.
“É que eu aprendi que o melhor momento para se golpear a bola hoje em dia é acertando ela no tempo 1, assim que ela quica na mesa, quando ela ainda está subindo, como os chineses fazem. O tempo 2 seria quando ela atinge o seu ponto mais alto da trajetória e o tempo 3, quando ela já está caindo.”
“Sério isso? Tem pessoas que ensinam dessa forma? Tendo como base o que você está me falando, acho didaticamente muito confuso para quem está aprendendo. Para que pensar em três tempos, pensar se vou fazer um drive (topspin) no tempo 1, 2 ou no 3, sendo que você pode ter um único tempo para qualquer bola? E outro detalhe: quando você diz para alguém que o melhor tempo de bola é o tempo 1, ou seja, quando ela está subindo, a pessoa corre sérios riscos de se adiantar no golpe e errar. Corre o risco de não dar tempo suficiente para a bola antes de golpeá-la.”.
Até aqui, creio que você leitor está achando essa conversa complicada e técnica, certo? Mas aguente firme, esse assunto é mais simples do que você pode imaginar, rs.
Caso real e problemas reais com o método tempo 1, 2 e 3
Há duas semanas, um outro querido aluno meu, o Sebastião Barbosa, estava tendo os seguintes problemas enquanto fazia sequências de drives de forehand (topspin):
- golpes na quina da raquete;
- golpes sem rotação suficiente;
- golpes na rede pela falta de rotação;
- golpes sem firmeza, sem uma boa projeção da bola;
- às vezes furava a bola, não a acertava.
Disse para ele: “preciso que você espere mais a bola chegar na sua raquete antes de golpear. Ele se aproximou de mim e disse: “Mário, mas olha só, eu estou acertando a bola mais na frente porque me disseram que eu tenho que golpear a bola no tempo 1, assim que ela quica na mesa.”. Eu: “Ahhh, foi ótimo você ter dito isso! Ainda vou escrever um artigo sobre esse assunto. Esse método tempo 1 só tem trazido problemas para meus alunos e outros praticantes.”.
Vejam que existe realmente um problema aí pessoal, afinal, o exemplo do Sebastião é prova disso e eu já vou explicar melhor porquê. Eu não estou dizendo que definitivamente não funcione, mas essa teoria explicada pura e simplesmente dessa forma traz sim grandes problemas para o praticante, todos decorrentes de adiantar o golpe.
Quando se usa o raciocínio de golpear a bola logo que ela quica ou quando está subindo, é muito comum adiantar o golpe e ter os problemas enfrentados pelo Sebastião.
Tempo de bola
Você aí deve estar se perguntando: “mas então, Mário, o que eu devo fazer? Qual é o melhor tempo de bola se não existe para você essa história de tempo 1, tempo 2 e tempo 3?”.
“Perfeito, ótima pergunta!”
Fera, só existe um único tempo de bola, independente da distância que você esteja da mesa e independente se você acerta essa bola subindo, alta ou caindo. Mas antes de eu dizer qual é ele, vamos ao conceito: tempo de bola é o tempo de espera do percurso da bola antes de golpeá-la.
Se eu trouxer esse assunto para o futebol, creio que vai ficar bem fácil o entendimento. Imaginemos que você vai receber um passe e que pretende chutar essa bola a gol. Se você chutar ela muito antes de chegar ao seu pé, o que vai acontecer? Irá chutar somente grama e vento. Já viu aqueles lances engraçados em que o jogador até cai no chão?
Se no próximo passe você esperar um pouco mais a bola chegar no seu pé, você pode acertar a bola, mas talvez com um chute mascado por não ter atingido a bola em cheio. Seu pé acertou a beirada da bola apenas. Sua massa não chegou por completo até o seu pé, apesar de ter chegado mais do que no lance anterior.
Agora, se no próximo lance você esperar ainda mais a bola, ou seja, dando todo o tempo a ela de fazer o seu percurso até o seu pé, aí sim conseguirá atingir essa bola em cheio, com firmeza, afinal ela estará toda no seu pé.
Então agora sim, respondendo à sua pergunta: “Qual é o melhor tempo de bola?” O tempo de maior espera. Quanto mais você esperar a bola, melhor. Respeite o percurso da bola. Espere ela terminar de chegar na sua raquete, caso contrário, vai acontecer o mesmo que aconteceu com o Sebastião.
Você deve estar pensando que eu estou falando de tempo 3. NÃO. NÃO MESMO! Esqueça essa questão de tempo 1, 2 e 3 definitivamente! Pensar em tempo 3 puramente não te ensina a esperar todo o percurso da bola.
Quando as pessoas falam que os chineses e o japonês Harimoto estão acertando a bola no tempo 1, elas estão tratando de tempo apenas usando aspectos visuais, o que é muito incompleto (acertar a bola no quique ou subindo).
O que esses superatletas estão fazendo é o seguinte: esperando totalmente o percurso da bola e, ao mesmo tempo, ficando próximos da mesa.
É isso, caro leitor, sem segredos. Eles unem duas técnicas: o posicionamento perto da mesa com um bom tempo de bola. É assim que ensino na Mário Leão e os resultados são os melhores possíveis.
Mais confusões 1, 2 e 3
“Mário, pegando o exemplo então dos chineses e do Harimoto, eu poderia falar que o tempo 1 continua sendo o melhor tempo e aí o que a gente acrescentaria é esperar o percurso da bola?” “Não.” As pessoas estão confundindo tempo com posicionamento. Tempo é um só: ESPERE A BOLA E PRONTO! Posicionar perto da mesa é outro assunto. Quando se posiciona perto da mesa, naturalmente acertará a bola nos pontos mais altos ou subindo.
Da forma que estão ensinando, eu mudaria o título dessa teoria para “Posicionamento 1, Posicionamento 2 e Posicionamento 3”, PORQUE NINGUÉM FALOU EM ESPERAR A BOLA, NINGUÉM FALOU REALMENTE DE TEMPO e sim em posicionamento na frente, no meio ou atrás ou até em “acertar a bola no quique ou subindo, acertar a bola no ponto mais alto e acertar a bola caindo”. Posicionando na frente você acerta a bola “subindo”, posicionando a meia distância acerta a bola “no ponto mais alto” e posicionando atrás acerta a bola “caindo”. Entre aspas porque isso não é regra geral. Você pode estar mais atrás na mesa e receber uma bola alta, por exemplo.
O melhor raciocínio
Então, a partir de agora, quando você pensar em tempo de bola, use um único e eficiente raciocínio: apenas respeite o percurso da bola! Espere bem até ela chegar a sua raquete, independente da distância em que você estiver da mesa. Dessa forma, a bola entrará por completo dentro da sua raquete e você terá golpes mais constantes na mesa, com mais giro, mais firmes e menos bolas na quina, “furadas”, sem giro na rede, “mascadas”…
E como você sabe se realmente está esperando bem a bola? Se não estiver tendo os problemas que citei. Se estiver tendo esses problemas, espere mais antes de golpear.
Duas das referências que costumo dar para ajudar a esperar mais a bola: golpeá-la ao sair da mesa, sem precisar afastar para fazer isso, e pensar em golpeá-la quando ela estiver próxima do seu tronco. Lembre-se que estamos falando de drives (ataques com efeito) ou batidas (ataque sem efeito). Em se tratando de chiquita ou harau, o golpe é mais à frente mesmo.
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