Profissionais, amadores, iniciantes e espectadores tem algo em comum: todos sabem que o tênis de mesa é um esporte rápido.
Alguns dados científicos que confirmam isso:
- a bola pode ultrapassar os 110 km/h;
- ao girar a bola em um saque, ela pode atingir mais de 3000 RPM (rotações por minuto), o que é duas vezes mais rápido que uma bola curva no beisebol;
- um golpe pode atravessar uma mesa de 2,75 metros em menos de 0,11 segundos (11 centésimos de segundo), 3 vezes mais rápido que um piscar de olhos.
Mas a velocidade no tênis de mesa é aliada ou inimiga? A resposta é: depende. Vamos entender porquê, pegando um exemplo de iniciação e outro profissional. Mas, para isso, daremos um tempo no tênis de mesa para falar de direção.
Você que dirige já deve ter reparado bastante como um aluno de autoescola é cauteloso, dirigindo devagar. Ou se já fez aulas de direção, deve ter ouvido a seguinte frase do seu instrutor: “Vá devagar para não perder o controle do carro!”. “Diminua a velocidade!”. Ou “Vá devagar, olhe os pedestres!”.
Um dos critérios de aprovação no exame de direção é exatamente o domínio que se tem sobre o carro. É um ponto fundamental que irá dizer se você tem essa habilidade básica para sair por aí com uma máquina tão perigosa. E imagine como é difícil controlar um carro em uma velocidade considerável ao mesmo tempo em que se olha no retrovisor, pisa na embreagem, passa a marcha, gira o volante, observa se há algum obstáculo à frente, desvia do obstáculo… Dito isso, quer dizer que se você acelerar o carro colocando em risco o domínio que tem sobre ele, podendo causar uma colisão ou um atropelamento, você estaria sendo imprudente e por isso seria reprovado? Sim.
Imagino que já saiba onde queremos chegar com toda essa história de um iniciante em autoescola. É a mesmíssima situação para o tênis de mesa, só que temos um agravante: como as consequências não são “gravíssimas”, pois não há riscos de colisão ou atropelamento, muitos iniciantes, amadores e até alguns profissionais ultrapassam a velocidade considerada segura, sendo imprudentes com o domínio do jogo (bola fora, bola na rede; carro fora da pista, colisão) e com o domínio da técnica (execuções erradas; não consegue olhar direito no retrovisor, não consegue passar a marcha no momento certo).
Agora vamos para o exemplo profissional, um piloto de Fórmula 1. Ele pilota a mais de 300 km/h, mas é sempre? Ele não avalia se consegue ficar na pista àquela velocidade juntamente com as condições do tempo, condições da pista, condições do pneu, condições da curva, posição do carro em relação à curva e a outros carros? Obviamente que sim. Mais uma vez é o mesmo para o tênis de mesa profissional. Os pilotos profissionais sabem que precisam pilotar rápido, mas, antes de tudo, precisam manter o carro na pista juntamente com uma boa direção técnica.
Bom, a resposta para como trabalhar de forma eficiente a velocidade no tênis de mesa está aí, mas vamos destacá-la aqui para que não restem dúvidas:
Atue com volume (acerto) e qualidade técnica! E se não desenvolveu sua técnica por não contar com um técnico, por exemplo, ou se você é iniciante, foque no volume!
A nosso ver, o tênis de mesa na internet tem provocado superestímulos. O praticante quer ser igual ao Ma Long, atleta chinês de grande destaque mundial, mas esquece ou não sabe de dois pontos importantes:
- Antes do Ma Long executar golpes bem rápidos e técnicos, ele executou devagar em treinos de base.
- O Ma Long não é inconsequente, pois ele avalia se pode e deve diminuir a velocidade do golpe para continuar acertando a mesa com qualidade.
Você deve estar se perguntando: o Ma Long diminuindo a velocidade? A questão é que os golpes normalmente são tão rápidos que a diminuição da velocidade como estratégia de manutenção do volume de jogo pode ser quase imperceptível para alguns espectadores.
Viu que citamos anteriormente para “atuar com volume e qualidade técnica”? É porque nós da Mário Leão não recomendamos diminuir por diminuir a velocidade. Não recomendamos, por exemplo, que fique insistentemente passando bolas, devolvendo bolas. Você pode até ganhar o jogo assim e obter um resultado imediato, mas poderá se tornar um praticante limitado, comprometendo sua evolução a médio e longo prazo.
Importante: não reduza a velocidade do jogo a ponto de ficar “travado”, de não conseguir sair para o jogo, ficando acuado, defensivo. Esse extremo é prejudicial. Continue ativo!
Para enfatizar a importância do tema em questão, apresentamos algumas consequências de uma velocidade inconsequente:
- “Fuga” do jogo – por não estar preparado ou acostumado a disputar pontos mais longos, o praticante tenta defini-lo rapidamente, ficando “livre da bola”. Esse comportamento provoca o jogo “roleta-russa”, em que o praticante detém pouco domínio da situação, oscilando bastante entre erro e acerto;
- “Atropelamento” da técnica – o corpo não se prepara para receber a próxima bola que retorna muito rápida; parte da técnica ou toda ela fica comprometida, como não chegar a tempo na bola (movimentação) e execução de movimentos inadequados (fora do padrão técnico); há também uma tendência em se adiantar demais em relação à velocidade da bola ao realizar um golpe, ou seja, realiza golpes antes de ela terminar o seu trajeto, tendo como resultado bolas na quina da raquete, na mão, na rede e, em casos extremos, o jogador “fura” a bola (não acerta a raquete na bola);
- Complicação do jogo – muitas vezes um jogo de boas possibilidades de vitória se complica por erros que poderiam ter sido evitados apenas diminuindo a velocidade da bola, fazendo com que a disputa ficasse mais consistente;
- Perda da chance de melhorar o seu tênis de mesa – se não tem bola na mesa, não tem prática.
Portanto, caro leitor, a conquista de altas velocidades deve ser gradativa. Não adianta pular etapas. Seu corpo está preparado para agir e reagir bem e tão rápido quanto a sua execução? Faça-se essa pergunta e saberá trabalhar eficientemente a sua velocidade no tênis de mesa!
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Belo Horizonte – Mário Leão e Equipe