Ao longo dos mais de trinta anos envolvido com o tênis de mesa foram muitos os títulos de campeão em competições oficiais e não oficiais, sendo que, nas conquistas mais difíceis, seria impossível obter sucesso sem algumas condutas que eu considero fundamentais. Elas estiveram presentes antes e durante o torneio da TM Minas que aconteceu no último sábado (17/10) e eu as dividirei com você.

Mas por quê? Porque não vejo como possível ser campeão ao acaso. Além disso, essas informações, condensadas nesses anos de prática, poderão ajudar a encurtar o seu caminho até a sua conquista.

Pois bem. Na sexta-feira, um dia antes da competição, eu defini a minha participação e, naquele mesmo dia, também defini que seria campeão. Observe que mais do que um objetivo, o que não deixa ser isso mesmo, eu havia determinado o que ia acontecer. E aqui, algo tem que ficar muito claro: eu nunca fui campeão de uma competição difícil sem antes tomar essa decisão. Posso ter perdido mesmo a tomando, mas nunca venci sem tê-la tomado. Por isso mesmo não quero que pense que venci torneios apenas por jogar bem. Claro, não basta querer. O mínimo de preparo é importante, mas tão importante quanto ele é essa crença inabalável, além de outros fatores como verá a seguir.

O torneio se iniciaria sábado à tarde, às 14:00h. Às 13:30h estava no carro seguindo para a TM Minas. Durante o trajeto eu reforçava comigo a minha decisão para que eu não me esquecesse do porquê de eu estar indo até lá. E, além disso, mentalizava como deveria jogar a partida mais complicada, tudo com base nos históricos dos últimos torneios (o que foi bom e, principalmente, o que não foi bom e precisava ser aprimorado) e com base nos treinos. Ou seja, depois de reunidas todas as informações pertinentes e do progresso que eu obtive ao longo do tempo com a ajuda delas, a forma de jogar ficou condensada em uma simples informação: aplicar a dinâmica de jogo com volume. Não vou entrar nos aspectos técnicos referentes a essa dinâmica. Basta você entender que era uma informação muito simples.

Cheguei ao local e não realizei nenhum tipo de ritual, pois sabia como funcionava o torneio. Os primeiros jogos mais fáceis e, à medida que se vai avançando, os jogos vão se equilibrando. Pelo cenário, somente um jogo poderia ser um complicador. Provavelmente o último. Segui vencendo e minutos antes do jogo decisivo, talvez quinze, vinte minutos antes, fui para um lugar mais isolado e comecei a mentalizar, mais uma vez, como eu deveria jogar a partida. O que era mais importante eu lembrar enquanto jogava? Da dinâmica e do volume.

Chamado o jogo final. Lembro-me de qual deve ser o meu estado de calma e o coloco em prática assim que entro em quadra. Também havia feito isso no carro. Esse estado funciona da seguinte forma: usar como referência uma situação cotidiana em que se estaria mais relaxado. Quando isso acontece? Em que local? Como? Com alguém? Sozinho? Essas perguntas são somente para que se consiga responder a esta importante pergunta: Como eu me sinto quando estou o mais calmo possível? Sabendo como é esse estado, encontro-o e o aplico na mesa. Esse referencial é importante, pois só assim eu consegui uma forma didática para que as pessoas saibam se estão próximas do seu estado ideal. 

Jogo rolando, ou melhor, drivando, e dois momentos são cruciais. Um em que tenho a chance de fechar o jogo em 3×1. O adversário esboça uma reação. Diante disso, mantenho firmemente a proposta de jogo pré-definida e mesmo assim perco o set devido a alguns erros. Tie-break, estou bem à frente no set e ele esboça nova reação. Mantenho firme a proposta. Ele encosta no placar. Mantenho firme a proposta. Venço.

Você poderia pensar que me arrisquei mantendo a proposta ao invés de mudá-la. Digo que não. Quando se está certo de qual é o melhor caminho e também como colocá-lo em prática, não há porque mudar. Mudando, tenho plena consciência que aumentaria bastante a minha chance de perder.

Votando para casa, nova análise. O que foi bom? O que poderia ter melhorado? Qual será a minha próxima forma de jogar, considerando os incrementos? Inicia-se um novo ciclo. Seguimos evoluindo…